A população de Salitre na região do Cariri oeste no Ceará está inconformada com a situação de descaso com a qual os habitantes estão sendo obrigados a conviver. O drama da falta de água na localidade é um clamor antigo que até então, parece ser ouvido pelas autoridades políticas do estado com indiferença. Somados a estiagem, os efeitos da insuficiência deste abastecimento são responsáveis entre outros prejuízos, pela baixa produtividade na agricultura local e pelo quadro de fome e sede em que se encontram centenas de famílias de Salitre.
Indignada com a demora do socorro, a população decidiu se manifestar e sair às ruas reivindicando providências urgentes.Na última terça-feira,se uniram a entidades eclesiais, organizações de movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores rurais e ao governo municipal na realização de um ato público com o propósito de cobrar uma resposta por parte do estado quanto a escassez de água.
Neste dia alunos da rede municipal de ensino não foram à escola. O prefeito da cidade Agenor Ribeiro decretou feriado no município devido a impossibilidade de manter as atividades sem o fornecimento de água.As crianças participaram do movimento carregando cartazes que narravam o caos em que Salitre está e cobravam ações.“Temos sede! Queremos àgua!Vítimas sim! Coitados não!”, “A água é um direito nosso, é dever do estado!” foram os gritos do levante popular que arrastou centenas de cidadãos salitrenses à mobilização.
O movimento recebeu apoio do Fórum Araripense de Combate a Desertificação, da Associação Cristã de Base, da Rede de Educação Cidadã, dos sindicatos rurais da região do Cariri e da Cáritas Diocesana de Crato. O bispo diocesano Dom Fernando Panico participou do ato e se solidarizou com a causa. Ele elaborou uma carta, na qual descreveu os males provocados pela indústria da seca e se prontificou junto às paróquias da Diocese a arrecadar e doar alimentos não perecíveis aos mais necessitados no próximo domingo. No mesmo documento Dom Fernando solicitou ainda uma audiência pública com o governador Cid Gomes. “Sem água não pode existir saúde, educação, bem estar nem desenvolvimento do nosso povo. Não é possível que pelo sofrimento de multidões de gente, haja esta afronta das políticas da indústria da seca” declarou Dom Fernando.
A cidade de Salitre foi contemplada esta semana com o selo Unicef,o município concentra a maior produção de mandioca no Ceará, com 92 casas de farinha que vinham em funcionamento, mas a atividade vem sendo prejudicada assim como os demais cultivos.Nas comunidades rurais de Veneza, Cachoeira e Serra dos Nogueiras a falta de água tem provocado a morte de animais e impossibilitado o plantio. Nestas localidades a água chega através de carros pipa particulares, onde é comercializada.
Durante encontro foi ressaltada a importância da luta dos movimentos sociais pelo acesso a água, como direito vital e bem natural comum que deve estar disponível ao povo.“A população deve reivindicar o que lhe é de direito. Quando gritamos juntos, podemos conseguir tudo o que queremos, através desta ação coletiva esperamos que a água seja direito de todos”, disse padre Vileci.
O prefeito da cidade, Agenor Ribeiro, se comprometeu a buscar medidas concretas por parte das autoridades competentes,“Temos que ajudar o povo que merece e que também faz parte do estado. Só dessa forma será possível resolver o problema, vamos a luta fazer com que a água chegue até as torneiras de Salitre e as comunidades rurais.