Com o objetivo fazer avaliação, estimular a troca de ideias entre as entidades parceiras integrantes e fortalecer as ações, o Fórum Araripense de Combate a Desertificação realizou nesta segunda – feira (16) mais uma reunião entre as instituições da sociedade civil organizada, Organizações Não Governamentais e dos movimentos sociais que compõe a organização.
Durante o encontro foi defendida a necessidade de focalizar as lutas que são do interesse do povo do semiárido, como por exemplo, o acesso a água. A carência dela em alguns municípios do Ceará ainda não foi solucionada e a população continua desassistida, como é o caso de Salitre e Araripe.
No Araripe, há relatos de que há gente passando fome. Os agricultores afirmam que até então nenhuma ação governamental conseguiu resolver a questão, enquanto as pessoas tem necessidades urgentes. O fornecimento de bombas de água foi apontado como medida para conter a falta de abastecimento na localidade, mas a ação prometida pelos gestores do governo não chegou a ser implementada e o problema da população ainda persiste.
Em Salitre, município onde a falta de água também é uma realidade, pessoas bebem água salobra porque não tem condições de comprar a água potável, vendida em latas no centro da cidade. Os produtores relatam que na zona rural, até mesmo as casas de farinha estão fechadas e que não há nenhum reservatório mais próximo na região. No debate foi proposto assumir a questão como prioridade e cobrar providências ao poder público. A meta é dar celeridade as ações, pois na época de seca muitos municípios do estado sofrem com o impacto da estiagem.
O uso da falta de água como instrumento de moeda de troca por poderes políticos é apontado como responsável pela perpetuação da condição miserável, na qual ainda vivem muitos sertanejos. “Entra ano e sai ano o sertão continua ao Deus dará”, repetiu o sertanejo Cristino a celebre frase do repentista Ivanildo Vila Nova ao contar sobre a situação de descaso na localidade onde vive.
Além do relato geral sobre a seca na região do Cariri, também foram discutidos no encontro, os pontos positivos implementados pelo Fórum Araripense de Combate a Desertificação, entre eles o estimulo ao debate em torno da transposição do Rio São Francisco, e outras questões ambientais como o problema do Canal do Rio Granjeiro. Foi relembrado também o aniversário de 13 anos do Fórum em 2012 e destacada a necessidade de abrir espaço para criação de novo roteiro de ações na entidade.
No foco do debate ainda foram temas o impacto das grandes obras do governo na região, a exemplo do cinturão das águas que vem atravessando as comunidades rurais do Baixio das Palmeiras, onde a população tem se manifestado contrária ao projeto e ainda o uso de agrotóxicos no município de Pontengi.